sábado, 14 de setembro de 2013

Desejos Noturnos

         Em meio a uma conversa eletrônica e voluptuosa ele dispara: "me perderia descendo nas curvas, beijaria cada reentrância tua, púbis, quadril, costas nuas...".  A moça confessa a incrível sensação de terem se conhecido há anos, anos em minutos, minutos primeiramente dividos em curtos encontros num ambiente de trabalho e, depois, prolongados agora em que se confessam em desejos secretos. Ele continua, "Desceria beijando a curva que se faria até aos ombros e após confirmar o arrepio da pele, tocaria com a outra mão a mucosa abaixo do púbis. Primeiro com três dedos e depois cobriria com a palma de minha mão inteira. Usaria teus cabelos para direcionar teu rosto de encontro ao meu e forçaria uma redenção que não mostraria resistência alguma. Com um movimento curto e veloz teus lábios estariam vulneráveis a um beijo (...)."
         Estavam então os dois a se tocarem como se suas mãos fossem a extensão do corpo do outro. Estavam cada qual em seu território isolado, distantes em seus dormitórios que não lhes remetia a idéia de sono ou cansaço, suas camas vazias lhes insinuavam uma ausência de dois corpos: o dele e o dela.
         O rapaz descrevia um ato sexual, "(...) Então forçaria minha mão dominante para baixo afim de por em evidência teu rosto e pescoço. Ao toque das mucosas algo como um choque ardente se divide entre as duas extremidades de contato: é o desejo que percorreu pelos corpos ao se encontrarem. A cada invasão sentia-se a necessidade de uma fuga rápida e curta o suficiente para que houvesse uma próxima e nova entrada."
         Ele se deixava fluir como se seu corpo em água no dela se pusera a percorrer, ela, se deixava levar como se no corpo dele o seu corpo em chamas estivesse a se refrescar. Após o ato imaginário de entrelaço, ele a imagina abraçada, "O que vejo é que nossos corpos se encaixam de lado como metades separadas e, quando postas juntas de novo, parecem se soltar e voltar sem barreiras. A metade que é minha se distancia e se aproxima no ato repetitivo e...,a tua, espera a volta da minha."
Na manhã seguinte ambos acordaram cada qual em seu cômodo de repouso com uma certa sensação de que haviam se entregado nus, suas peles pareciam estar marcadas com vermelhidões as quais surgem por contato de pressão. Mas nada físico de ambos havia se encontrado.