sábado, 21 de fevereiro de 2009

Clarice


Na madrugada, ela senta em seu sofá de sala. Uns papeis a rodeiam, anotações de pensamentos ligeiros. Aprisionados nas palavras anacrônicas.
Acendeu seu cigarro e consumia as partículas da chama, inspiro bucal, e consumida pela ascendência (de si) expirava seus sofrimentos ao repórter.
Franzia o cenho como se tentasse refinar cada resposta do interlocutor. Os cantos de sua boca se arqueavam, como se reprovassem previamente cada pergunta. Não gostava de dar entrevistas.
Apoiava seu rosto junto à mão a qual empunha o canudo de cigarro. Parecia se sentir forte e resistente contra a fumaça - talvez seja esta a terapia dos fumantes, a resistência paradoxal. Cliquei no Pause, fiquei a esboçá-la.
- Na sua opinião qual o papel do escritor hoje em dia? - permiti, após a interrupção o desfecho da entrevista.
- O de falar o menos possível - a escritora parecia se sentir ferida por ser acusada como hermética pela crítica.
Esta foi a pergunta final da entrevista a qual se finda com um poema de sua autoria, citado por Maria Bethânia: "A minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti, e não sabia. Eu agora sei, eu sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Mas, eu assumo a minha solidão, sou só e tenho que viver uma certa glória íntima e silenciosa. Guardo seu nome em segredo. Preciso de segredos...para viver" (C.L.)

Suspirei...






*Ao esboçar seus traços, me atrevi, enquanto ela dava tal entrevista . São esboços antigos, vindos de sua face paralisada ao monitor.

domingo, 15 de fevereiro de 2009


Fugaz

Não me concedo a percepção injusta da fugacidade disto: das pessoas que conheço hoje e que amanhã, evidentemente, as desconhecerei por um desatino qualquer;
Não quero denunciar-me, nem converncer-me, o quanto me irrita o fato de as pessoas irem e virem em nossas vidas.